A mobilidade urbana de João Pessoa, especialmente após as recentes intervenções na avenida Rui Carneiro e estudos pela Prefeitura Municipal de João Pessoa para construir viadutos
voltados a eliminar o “gargalo” no acesso ao bairro do Altiplano, levantaram questões críticas
sobre o planejamento e o futuro sustentável da cidade.
Ricardo Vidal, presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo da Paraíba, faz uma análise
aprofundada desse complexo cenário, destacando a importância de reavaliar as estratégias de
transportes e urbanismo para garantir uma cidade mais integrada e funcional nos anos
vindouros.
Em uma década, cidade impraticável
¨Alargar vias pode ter aliviado o trânsito temporariamente, mas a solução não pode ser apenas
aumentar a capacidade para o transporte individua¨, destaca. Ele enfatiza a necessidade de um
debate sério sobre opções de transporte que vão além dos carros, como ônibus, BRT, VLT e
ciclovias¨. A cidade precisa se tornar viável nos próximos anos, e insistir apenas no carro como
modal principal trará sérios problemas”.
Vidal alerta para a possibilidade de congestionamento tornar a cidade impraticável em uma
década, caso alternativas não sejam implementadas. ¨Olhando em retrospecto, vemos como
João Pessoa mudou rapidamente nos últimos 20 anos. Sem mudanças, poderemos enfrentar
situações como rodízios de veículos¨
Engorda das praias
E a priori, sugere que a cidade deve focar suas prioridades internamente antes de pensar em
projetos como esse. Ele ressalta a necessidade de estudos ambientais profundos antes de
prosseguir com tal iniciativa. ¨Não temos problemas de avanços do mar e erosão urgentes que
justifiquem essa medida. Antes disso, há outros aspectos urbanísticos a serem priorizados¨.
Apesar de reconhecer o diálogo forte entre o CAU-PB e a prefeitura, Ricardo Vidal admite que
o Órgão ainda não foi consultado sobre os estudos sobre o alargamento da faixa de areia nas
praias de JP e reforça que soluções unilaterais e paliativas não resolverão desafios estruturais no
longo prazo: ¨Mobilidade urbana é muito mais do que apenas vias; é sobre proporcionar um
ambiente que incentiva o transporte coletivo e sustentável, integrando arborização e ciclovias
adequadas¨.
Paliativos que só adiam problema
Para Vidal, a execução de vias sem um plano abrangente de mobilidade apenas adia o problema.
¨Quando falamos de ciclovias, não é só a pista; precisamos de sombra e infraestrutura adequada.
A cidade precisa de um Plano de mobilidade que inclua todos esses elementos para ser
verdadeiramente sustentável”, referindo-se à Lei Federal nº 12.587, de 3 de janeiro de 2012, que
instituiu as diretrizes para municípios a exemplo de João Pessoa, com mais de 250 mil
habitantes, para o Sistema Nacional de Mobilidade Urbana, cujo Plano de Mobilidade Urbana
na Capital só veio a se tornar Lei Ordinária, de n. 1415, 10 anos depois, quando foi criado um
Comitê Técnico de Monitoramento da implementação do PlanMob, responsável pela
operacionalização das estratégias nele previstas e aos seus resultados em relação às metas de
curto, médio e longo prazo mediante apuração anual que deveriam ser divulgadas à população
Em entrevista ao jornalista Cândido Nóbrega sua visão
sublinha a importância de uma abordagem estratégica e integrada, que, além de melhorar o
trânsito, promova a qualidade de vida e a sustentabilidade ambiental na capital do estado da
Paraíba, tida como a “bola da vez” do mercado imobiliário, de investidores e do turismo.
Cândido Nóbrega
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